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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Falecimento : FreiJoaquim Monteiro OfmCap.

A Província Portuguesa dos Franciscanos Capuchinhos,
partilha com todos os amigos a notícia da Ressurreição do Frei Joaquim Monteiro.
Todos juntos celebraremos a Eucaristia de Acção de Graças, na Igreja dos Capuchinhos do Amial (Porto), sexta-feira pelas 14.30. O funeral seguirá depois para o cemitério de Paranhos onde será sepultado.
Voltaremos a reunir-nos para celebrar e agradecer ao Senhor o dom da vida do Frei Joaquim Monteiro, no próximo dia 13 de Maio pelas 19.00.






Frei JOAQUIM MONTEIRO
[1934 – 2015]
80 anos de Vida  |  62 de Vida Religiosa  |  56 de Sacerdócio






Fr. Joaquim Monteiro, filho de Manuel Monteiro e de Custódia Maria da Costa Ramos, nas­ceu em Sera­fão, concelho de Fafe, a 29 de Julho de 1934. É irmão do saudoso D. António Mon­teiro [+ 2004], capuchinho e Bispo de Viseu. Entrou para o Seminário dos Capuchi­nhos no Porto a 3 de Outubro de 1947. Vestiu o hábito na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos a 1 de Agosto de 1951 e a 6 de Agosto de 1952 fez a sua Profissão temporária dos votos religiosos, emitindo a Profis­são perpé­tua em Salamanca, a 10 de Agosto de 1955. A 21 de Feve­reiro de 1959, na Cate­dral de Sala­manca, foi ordenado sacerdote por Dom Fran­cisco Bar­bado Vi­ejo. Fez os seus estu­dos superiores em Salamanca, de 1955 a 1959, obtendo na Universi­dade Pontifícia, em 1960, a Licen­ci­atura em Teologia.
Integrou quase sempre a Fraternidade do Porto, tendo passado também por Barcelos e Gondo­mar. Foi Director das revistas «Paz e Bem» (1960-1969) e «Bíblica» (1978-1987), onde dei­xou deze­nas de arti­gos publicados, particularmente nesta última. Foi da sua iniciativa terem-se ini­ciado na revista BÍBLICA os comentários às Leituras Dominicais, a partir de 1978.
Algumas publicações do Fr. Joaquim Monteiro:
– «Dinami­zação Bíblica do Povo de Deus», Difu­sora Bíblica, Lisboa, 1978, 204 págs.; «O mistério da Igreja no Itinerário Catecumenal», Telos, Porto, 1986, 96 págs.; Alguns estudos científicos publicados em separa­tas, como: «Eclesiologia e eclesiologias», Porto, 1981, 47 p., Humanística e Teologia, t. II, f. 1), «Itinerário espiritual de São Francisco de Assis», Porto, 1981, 40 p., Humanística e Teologia, t. II, f. 3), «O Diabo na teologia e a teologia do Diabo», Porto, 1984, 56 p., Humanística e Teologia, t. V, f. 1), «A dinâmica mís­tica da Vida Espiri­tual», Porto, 1987, 48 p., Humanís­tica e Teologia, t. VIII, f. 1.
Esteve ainda na base da elaboração dos conteú­dos para o I e II Cursos de Dinamização Bíblica, inicia­dos em 1975. Tem dedicado a sua vida, sobretudo, ao ensi­no, como professor de Teolo­gia, leccionando diversas disci­plinas, primeiro no Centro de Estudos da Ordem, no Porto, depois no ISET (Instituto Superior de Estu­dos Teológicos), criado para os alunos de todos os Insti­tu­tos Religiosos do Norte, a seguir, no ICHT (Insti­tuto de Ci­ências Humanas e Teológicas), fun­dado no Porto para Religiosos e dioce­sanos e, finalmente, na Universidade Católica, no Porto (rece­beu a jubilação a 17/06/2004, em sessão solene na UCP-Porto).
Durante alguns anos foi tam­bém director do CER (Centro de Estudos para Religiosas) e, de 1978 a 1981, exerceu, ainda, o cargo de Director dos Estudan­tes de Teologia da Ordem em Portugal. Foi eleito Definidor para o Governo da Provín­cia Portuguesa dos Fran­ciscanos Capuchinhos para os triénios de 1975-1978 (III Capítulo Provin­cial); 1978-1981 (VI Capítulo Provincial); e 1987-1990 (VIII Capítulo Pro­vincial).
Trabalhou em vários Movimentos ecle­siais, como os Cursos de Cristandade, a Catequese, as Equi­pas de Ca­sais e Grupos de Base, entre outros. Tem sido chamado a orientar vários Capítulos Provinciais de Irmãs Religiosas, desta­cando-se igualmente na orienta­ção de Retiros, quer ao clero, quer a congre­ga­ções religiosas. Como teólogo, é bastante solicitado, tendo sido encarre­gado de examinar os escritos da Vene­rável Irmã Rita de Jesus, em ordem ao processo de beatifica­ção (foi beatificada em Viseu, em 2006). Ainda como conferencista, tem sido chamado várias vezes a dar a sua colaboração nas Semanas Bíbli­cas (regio­nais e nacionais). O Fr. Joaquim Monteiro dedicou praticamente toda a sua vida ao estudo e ao ensino da teologia. Por este motivo, a Universidade Católica, em 2004 (17 de Junho), prestou-lhe uma justa homenagem (ver texto no final).



Testemunho do Fr. Joaquim Monteiro
nas suas Bodas de Ouro Sacerdotais (Mira, 15-04-2009)


Para quem ainda não sabe, eu vim para esta forma de vida, vim para padre, porque o Senhor me apareceu! Na ocasião, sei onde é que foi: foi por intercessão de Nossa Senhora do Sameiro. O Senhor apareceu-me e foi-me orientando. De muitas maneiras. E eu, o padre que sou, sou porque Cristo está em mim.
A certa altura da minha vida comecei a descobrir que, afinal, quem me tinha chamado era Ele, e eu comecei a dizer a muita gente que, pela Páscoa, se não acreditassem noutras testemunhas, soubessem que eu sou o padre de Cristo: estou aqui porque Cristo Ressuscitou. E está em mim.
Há coisas na vida do padre que, quando a gente começa a meditar a sério, são extraordinárias. Quando a gente começa, em nome d’Ele, e Ele a fazer por nós, diante do Povo de Deus, a dizer o prodígio “Isto é o Meu Corpo”: é o Senhor a servir-se das nossas mãos, dos nossos lábios… mas é o Senhor!
Quando a gente vai proclamar diante de um pecador arrependido, “eu te absolvo dos teus pecados”, aquele homem ou aquela mulher a regozijar-se… é o Senhor que faz
isso pelos seus padres. E também quando vem alguma tristeza, começamos a pensar no Senhor que age em nós, Ele torna os padres participantes das Suas próprias alegrias. De modo que, a vida do padre, é sempre a vida pascal do Senhor, Ele é a fonte das nossas alegrias.
E aquele que me chamou a mim, chamou também a vocês: eu não posso olhar para vocês e procurar outras explicações senão esta. E, amanhã, saberá chamar outros, não sei lá como, mas tenho essa certeza, essa luz interior que o Senhor gerou em mim: são os padres do Senhor, do Senhor Ressuscitado!
Por isso, direi sempre bem do Senhor que me chamou, e não vou ter medo de nada, porque Ele está em mim, a fazer o que já fez em 50 anos.
E também O descobri nos outros. Encontrei padres muito santos, que a gente olhava e descobria neles a presença do Ressuscitado; e isso dava-nos energia pois, muitas vezes, era o próprio Senhor que nos aparecia através deles.
Termino, agradecendo a vossa oração de acção de graças que vós fazeis ao Senhor dos Padres e ao Senhor que me chama para O seguir.
E eu já agradeci ao Senhor por aqueles que rezaram por mim, porque eu sou fruto da oração daqueles que rezavam pelos Padres ao Senhor.
E o Senhor respondeu dando a mim a felicidade de ser Padre e não estar arrependido. Vocês admiram-se mas, como já disse no Amial, eu também tenho o direito de derramar lágrimas da minha Fé: e não são de tristeza, mas são lágrimas da alegria de quem se sente muito bem com o seu Senhor e com aqueles que o Senhor tem colocado ao redor de mim, no convento e fora do convento e são muitos.
Esperemos estar todos no Céu como agora estamos na Terra! 


«Voz Portucalense» (16.06.2004)

“Liberdade e criatividade franciscana”

«Frei Joaquim Monteiro consagrou a quase totalidade da sua vida ao estudo e ao ensino da teologia. Gerações e gerações de alunos que ajudou a formar, e que carinhosamente o tratam por “Mestre”, testemunham a sua liberdade e criatividade no ensino e no tratamento dos assuntos.
Ao completar setenta anos, Frei Joaquim merece a jubilação pelo seu labor incansável de formar na liberdade e para a liberdade. Nisso, assimilou profundamente o espírito de Francisco de Assis, espírito que transparece em toda a sua vida. O melhor que se pode dizer de alguém que ensina teologia é que é um crente. Tal se pode dizer de Frei Joaquim. E por isso, todas as escolas de teologia que houve no Porto e a que esteve ligado lhe estão gratas por várias dezenas de anos de labor.
O trabalho de Frei Joaquim reflecte o seu franciscanismo noutros aspectos, como sejam o esforço de olhar incessantemente para as fontes bíblicas da fé, à procura de Jesus, na simplicidade da sua pessoa e do seu programa, para lá de séculos e séculos de uma tradição, discutível em muitos aspectos. Com essa frescura originária da fé, procurou Frei Joaquim confrontar os seus alunos. Muitos deles agradecem-lhe essa ligação entre teologia e espiritualidade e penitenciam-se de não ter sido capazes de compreender e viver o programa de liberdade, mesmo quanto à forma de prestação de contas de avaliação (exames), que promovia de forma tão responsabilizante.
A integração de Frei Joaquim no corpo de professores na Faculdade de Teologia e nas escolas que a precederam, no Porto, mostra uma opção pela pluralidade de proveniências de docentes e estudantes, que é uma grande riqueza destas escolas. Isso enriquece muito uns outros.
Na hora de ver jubilar-se Frei Joaquim, é justa a gratidão pelo património que nos deixa, e é devida a expectativa de ver continuada a tradição de um contributo de franciscanismo na Faculdade de Teologia.»
JORGE TEIXEIRA DA CUNHA





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