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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

LIGADOS A DEUS E AOS HOMENS


A nossa vinculação a Deus não se insere numa visão antropocêntrica, ela assume-se através da absoluta e incondicional presença da eterna de Deus. Nesta presença eterna, neste dialogo fascinante e profundo, Ele encarnou na presença concreta de um humano entre humanos, de pessoa entre pessoas, numa relação que ao fazer-se tocar assim permanece (cf. Jo 20,27). Um Deus que se fez homem, e que ao ser homem viveu com as fragilidades e receios humanos, numa vida de profunda entrega e de permanente crescimento espiritual e humano na Sua vida terrena (cf. Mc 7,26-29).
Nesta relação, que nos inquieta e nos fortalece pelo exemplo e que nos aconchega e queima pela palavra, abre-se diante de nós a possibilidade magnifica de fazermos parte do labor de Deus, um chamamento (“Ekklesia”) que se espalha pelo mundo através da ação Igreja.




“Todo o bom cristão deve estar mais pronto a interpretar favoravelmente a opinião ou afirmação obscura do próximo do que a condená-la. Se de modo nenhum a pode aprovar, interrogue-se como é que ele a compreende; se ele pensa ou compreende menos retamente, corrija-o com benevolência; e se isso não basta, tentem-se todos os meios oportunos para que, compreendendo-a bem, ele regresse do erro são e salvo”
(S. Inácio de Loyola)

Na vida comum, o exemplo de Jesus faz-nos sair de nós mesmos, da nossa “zona de conforto”, e buscarmos Cristo através da entrega aos outros de uma forma incondicional, sem querer reconhecimentos, nem nada de retorno... porque tudo já nos foi dado antes. Neste trajeto filial, todos, sem exceções, somos irmãos na presença de Deus Pai todo Poderoso.
É nesta atitude de desprendimento que fazemos dos monólogos diálogos com os outros e com o mundo. Toda a história da salvação assenta num diálogo permanente de Deus com os homens, uma eterna relação que se prende a um amor original, e através deste primeiro amor libertador deveremos responder como atores livres do na Terra, porque “de facto, foi para a liberdade que vós fostes chamados. Só que não deveis deixar que essa liberdade se torne numa ocasião para os vossos apetites carnais. Pelo contrário: pelo amor, fazei-vos servos uns dos outros. É que a toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo. Mas, se vos devorais uns aos outros, cuidado, não sejais consumidos uns pelos outros.” (Gl 5,13-15).

Buscamos provas da existência de Deus,
mas Deus não se prova nas estrelas do céu, nem nos acontecimentos tremendos e espetaculares do universo. Deus é e está em TODA a vida, daí que o importante está em O buscarmos na vida comum, concreta e discreta; na vida que se deixa enamorar pela beleza das coisas, que se comove com ou outros, que se alegra com a felicidade de um irmão, porque na presença do outro está também a presença de Deus.
A encarnação do Logos coloca-nos na própria sintonia com Deus, num enorme e irresistível abraço entre nós e o divino, porque quem ama, faz do amor “ascendente” a Deus, um amor “transversal” aos homens. O mistério do Ágape de Deus, coloca-nos no caminho da nossa própria beleza interior, revista na atitude de serviço e de dádiva aos outros, com todas as alegrias e amarguras da fragilidade existência.

“Conheço as tuas obras. Vê, coloquei diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar. Tens pouca força, mas guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome.”
(Ap 3,8)

Deus doa-se em amor, no entanto este amor não tem uma uniformidade em resposta humana. No entanto não pensemos que somos mais do que os outros, porque os últimos serão os primeiros (cf. Mt 20,16). O que existe é a diferença no acolhimento e na predisposição para o “SIM”, como tão bem nos é apresentado no Quarto Evangelho em relação ao discípulo amado.

“Corriam os dois juntos, mas o discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer...”
(Jo 20,8)

A beleza reside nesta singularidade humana, neste o valor humano, neste incontestável valor da vida...


 
“Na humanidade de Jesus se mostra a santíssima divindade de Cristo”
(S. Inácio de Loyola)



Hoje num mundo tão imediatista, em que toda a informação circula em pouco tempo, torna-se necessário parar e tomar a consciência de que temos um Deus que se fez próximo, um Deus que se dá todos os dias em amor, um Deus que é Ele mesmo amor (cf. 1 Jo 4,16), e que só em amor O podemos compreender e estabelecer com Ele um caminho para a o Seu Reino. Um Deus que se fez homem e através de Jesus Cristo reconhecemos o próprio Deus.
Esta consciência de que somos de Cristo e que Cristo é de Deus, em si mesma a naturalidade da nossa filiação a Deus. O alimento de Deus é a Salvação de todos, e a Salvação de todos liga-se profundamente com a realização plena de cada ser humano.

Meus irmãos:
Por mais que nos esforcemos jamais poderemos determinar a natureza (amorosa) de Deus, apenas sabemos que é amor e que no amor permanece e que no amor se revela.

“Agora, vemos como num espelho,
de maneira confusa;
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de modo imperfeito;
depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora, permanecem três coisas:
A fé, a esperança e o amor;
mas a maior de todas é o amor.”
(1 Cor 13,12-13)

A transcendência surge sempre a partir do amor de Deus, naquilo que é capaz de realizar e está além das nossas capacidade, mas embora seja inexplicável é plenamente sentido, porque O tocamos todos os dias.


 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Notícia (Lusa) : Papa Francisco diz que os bons católicos não devem procriar "como coelhos"

Papa Francisco diz que os bons católicos não devem procriar "como coelhos"


Roma, 19 jan (Lusa) 

O papa Francisco apelou hoje à paternidade responsável e disse que os bons católicos não devem procriar “como coelhos".

Francisco declarou partilhar a doutrina da Igreja contra a contraceção artificial, mas isso não quer dizer que “os cristãos devam ter um filho atrás do outro”.

O líder da Igreja Católica, no voo de regresso ao Vaticano depois da sua visita às Filipinas, referiu que certa vez perguntou a uma mãe de sete filhos – todos nascidos de cesariana - porque estava grávida do oitavo e se queria “deixar para trás sete crianças órfãs”.

“Eu acredito em Deus", respondeu a mulher, o que levou o papa a lembrar: "entretanto, Deus deu-nos meios para sermos responsáveis”.

“Alguns pensam, e desculpem o termo, que para serem bons católicos devem ser como coelhos”, referiu.

Francisco declarou que a criação de uma nova vida é “parte do sacramento do casamento” e, durante sua visita a Manila, já havia defendido fortemente a proibição do papa Paulo VI da contraceção artificial para os católicos, que ocorreu em 1968.

“Paulo VI estava preocupado com o crescimento do neomalthusianismo (defende a restrição do número de crianças pobres que pode haver), o qual tentou controlar a humanidade (…)”, disse.
“O ensinamento chave da Igreja é a responsabilidade parental. E como vamos conseguir isso?

Através do diálogo. Há grupos para o casamento na Igreja, especialistas e padres”, afirmou ainda.
O papa confirmou ainda a sua viagem à África, que passará pelo Uganda e pela República Centro-Africana, para o final do ano. A visita ao continente foi adiada devido ao surto de Ébola em alguns países africanos.

Francisco também referiu que irá visitar o Equador, a Bolívia e o Paraguai em julho.
CSR // JPS