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sexta-feira, 13 de março de 2015

Notícias - Vaticano: Papa convoca Jubileu dedicado à Misericórdia (Agência Ecclésia)

Francisco voltou a confessar-se na Basílica de São Pedro, durante celebração penitencial

Cidade do Vaticano, 13 mar 2015 (Ecclesia) –

O Papa Francisco anunciou hoje no Vaticano que decidiu proclamar um “jubileu extraordinário”, com início a 8 de dezembro deste ano, centrado na “misericórdia de Deus”.

“Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: ‘Sede misericordiosos como o Pai’ e isto especialmente para os confessores”, disse, na homilia da celebração penitencial a que presidiu na Basílica de São Pedro, na abertura da iniciativa ’24 horas para o Senhor’.

Francisco explicou que a iniciativa nasceu da sua intenção de tornar “mais evidente” a missão da Igreja de ser “testemunha da misericórdia”.
O Papa defendeu que “ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus” e que a Igreja “é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém”.

“As suas portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem”, realçou.

À imagem do que fez em 2014, durante o ‘rito pela reconciliação dos mais penitentes’, com absolvição individual, o Papa começou por se confessar, antes de dirigir-se a outro confessionário para ouvir algumas pessoas.

O 29.º jubileu na história da Igreja Católica, um Ano Santo extraordinário, vai começar na solenidade da Imaculada Conceição e terminar a 20 de novembro de 2016, domingo de Jesus Cristo Rei do Universo, “rosto vivo da misericórdia do Pai”, explicou o Papa.

“É um caminho que começa com uma conversão espiritual e temos de seguir por este caminho”, prosseguiu.
A organização dos vários momentos do jubileu vai estar a cargo do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização e quer ser, segundo Francisco, uma “nova etapa do caminho da Igreja na sua missão de levar a cada pessoa o Evangelho da misericórdia”.
Este é o primeiro jubileu desde o que foi convocado pelo João Paulo II no ano 2000, para assinalar o início do terceiro milénio.
Francisco destacou na sua homilia a importância de viver a misericórdia de Deus, através do sacramento da Reconciliação, como “sinal da bondade do Senhor” e do “abraço” de Jesus.
“Ser tocados com ternura pela sua mão e plasmados pela sua graça permite que nos aproximemos do sacerdote sem medo por causa das nossas culpas, mas com a certeza de ser acolhidos por ele em nome de Deus”, assinalou.
O Papa sublinhou que o julgamento de Deus é o da “misericórdia”, numa atitude de amor que “vai para lá da justiça”, e desafiou os fiéis a não ficar pela “superfície das coisas”, sobretudo quando está em causa uma pessoa.
“Somos chamados a ver mais além, a concentrar-se no coração para ver de quanta generosidade é capaz cada um”, apelou.
No dia em que decorre o 2.º aniversário da sua eleição pontifícia, Francisco deixou votos de que o próximo jubileu ajude a Igreja a “redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus” junto dos homens e mulheres dos dias de hoje.

Fonte: Agencia Ecclésia

A quem iremos nós Senhor?” (Jo. 3,68)

Esta sensação de finitude é para todos motivo de inquietação, somos pois chamados a enfrentar novas realidades políticas, económicas, sociais e ecológicas. Não podemos jamais ficar presos nos “obstáculos”, assentando as soluções em bases imediatistas (“soluções possíveis”), mas sim na busca de respostas consistentes para a harmonia da civilização. O mundo ocidental, tão orgulhoso de si, está num sobressalto constante, ultrapassar dificuldades não pode jamais fazer da acção humana fator de injustiça, mas sim fazer que todos sejam sujeitos ativos, fazendo da existência fator verdadeiramente aglutinador do ideal fundamental da vocação humana: a vida.

A vida não pode só ser posta na primeira pessoa, a vida tem que ser vivida com os outros, é aí que os problemas terão a sua solução.

Viver é conviver…

A vida fechada em si mesma faz dos problemas barreiras enormes, tornando-a “sufocante” e mesmo “insuportável”. É através do processo de relação que a esperança se faz realidade, notemos que quando uma pessoa desiste de viver é (muitas vezes) quando a sociedade desiste de viver com ela, a dignidade do ser humano (em todas as suas realidades concretas) deverá ser sempre encarada como aspecto fundamental. A desistência não passa somente pela dimensão pessoal, passa também para a dimensão comunitária.

O homem autónomo está a tornar-se num homem autista.

Deus como qualquer pai quer que o seu filho se faça autónomo, que busque o seu caminho. No entanto esta autonomia está a tirar-nos a noção filial perante Deus, a liberdade está a ser colocada como fuga da nossa própria condição, tal como nos mostra o Evangelista S. Lucas em relação à parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-32). Também nós estamos muitas vezes numa posição de filhos em busca de uma suposta liberdade, no entanto o que encontramos é a prisão e o desespero. Em Deus encontramos a nossa morada e o nosso consolo, ao querer libertar-nos Dele, caímos no labirinto do mundano, em que a vida se torna superficial, em que nos deixamos corromper pelo orgulho e a vaidade, em que tudo é feito na busca de um retorno, imperando fatalmente a satisfação pessoal e egoísta.

Perdemos a capacidade de escutarmo-nos, cada um tenta colocar a sua posição como “verdade universal”, deixamos de utilizar o silêncio e a solidão, enquanto fator para o encontro com Deus. Estamos a fazer da nossa solidão não a “fonte ” para uma abertura espiritual, mas sim de “terra seca”, tornando-nos “secos” por dentro, não existindo qualquer solução “cosmética” que mascare esta triste realidade. Só em Deus e perante Deus, a nossa vida é relativizada perante os horizontes que Ele nos dá, colocando-nos na direção correta (“oriens”), nesse caminho que Ele também faz na nossa direcção e que nem nos apercebemos. Deus não olha para os homens na aparência, mas sim no coração (cf. 1 Sm 17,7). Infelizmente na condição em temos vivido na atualidade, também Deus aparece como peça descartável, em que só o buscamos quando nos é útil, vivemos uma vida na mais pura ausência de Deus (1). Mais do que um abandono de Deus, o homem em muitas circunstâncias tem-se abandonado de si mesmo.


Da mesma forma que Deus nos procura (cf. Gn. 3,9), nós ficamos muitas vezes retidos na procura, perdidos no meio de um oceano de incertezas, em que não sabemos para onde vamos.

“A quem iremos nós Senhor?” (Jo. 3,68), uma questão colocada por Pedro apresenta-se completamente atual, entramos numa espiral de incertezas, de medos e inseguranças perante futuro. Temos que ser capazes de nos desprender das correntes que nos prendem, olhemos na direção do Deus Vivo, não nos percamos em exercícios de justificação do maligno, quando nem nos abrimos para a beleza inserida na manifestação de Deus como homem, que se abriu à convivência e abitou no meio de nós. Muitas vezes procuramos saber mais de Santos do que do próprio Jesus, quando os mesmos passaram a vida a procurar o Senhor. Não inventemos “cristos” que contradizem a pessoa de Jesus de Nazaré, na realidade concebermos cristo segundo a nossa vontade não é exercício difícil, agora entender Cristo na pessoa concreta de Jesus é que se torna um exercício mais exigente. No entanto foi naquele homem concreto, que conviveu, que chorou, que voltou atrás com a sua palavra, que teve medo... que Deus encarnou e viveu no meio de nós, sendo um com os outros e para ou outros, e não um e os outros.

quinta-feira, 12 de março de 2015

A 13 de Março de 2013, a chaminé da capela Sistina, em Roma, anunciava a decisão do conclave de cardeais com fumo branco: o novo papa estava escolhido. Dois anos depois, Francisco Bergoglio é hoje um dos papas mais consensuais da história recente, capaz de mobilizar fiéis em todo o mundo e de abordar questões tradicionalmente sensíveis para a igreja católica. Acima de tudo, é um Papa popular: tem 19 milhões de seguidores no Twitter. 
A contracepção, o divórcio e o conceito de família moderna, assim como a homossexualidade, são alguns dos temas que marcaram os seus primeiros dois anos no Vaticano. Embora o seu discurso não se afaste muito da linha defendida pela Igreja Católica - é contra o aborto, contraceptivo e o casamento entre pessoas do mesmo sexo -, Francisco defendeu que os "homossexuais não devem ser marginalizados, mas integrados na sociedade". 
Nascido a 17 de Dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, Jorge Mario Bergoglio é o 266º Papa da Igreja Católica e o primeiro não europeu em mais de 1200 anos. Homem de hábitos simples, utiliza regularmente os transportes públicos e raramente janta em restaurantes.  Em Agosto de 2014 algumas notícias davam conta de que teria a intenção de reununciar ao pontificado dentro de dois a três anos, tal como fez o seu antecessor, Bento XVI.
"Eu sei que isto não vai durar muito, dois ou três anos e depois vou para a casa do Senhor", disse numa entrevista durante um voo entre a Coreia do Sul e Roma, segundo a Radio Vaticana.
A SÁBADO faz um balanço destes dois anos com 15 citações, das mais sérias às mais caricatas.
"Parece que os cardeais foram procurar o novo pontífice no fim do mundo"
"Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres"
"O [sem-abrigo] que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas, como se fôssemos desperdício"