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domingo, 31 de agosto de 2014

A LÓGICA DO MUNDO E A LÓGICA DA CRUZ (resumo)



“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.”
Mc 8,34


“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.”
Lc 9,23

“Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”
Mt 16,24




O apego ao mundano retira-nos a capacidade de olhar para o mundo com os olhos do desprendimento, com os olhos cobertos pela luz do amor de Deus. O importante reside no encarar a nossa existência enquanto agentes concretos para a realização do Reino de Deus, propósito central da ação de Jesus, sem nos subjugar ao hedonismo que nos condena e nos leva a ficar remetidos ao pavor da finitude, passando assim,  ao lado o sentido eterno da vida.



Hoje, num mundo confuso e sem rumo, em que as injustiças reinam e a justiça tarda, torna-se fundamental nos posicionarmos, enquanto comunidade crente, como pessoas comprometidas com o valor de todos e de cada um, assumindo o mundo nas mãos para sermos todos com ele, sem nos vendermos às tentações, optando pela santidade...



A Palavra de Deus não se inventa, a sua vitalidade e interpelação é incrivelmente  atual, seria pois, bom que não existisse o receio de nos expormos a Ela, e através Dela encontrarmos o significado total da nossa relação amorosa com Deus. O “Ágape” de Deus é mais forte do que a própria morte, este Amor está na potência de nos olharmos, e assim contemplarmos luz que ilumina o mundo e a vida, porque a luz de Deus reside prioritariamente no olhar sincero, na limpidez com que Ele nos abarca a vida. Porque, e como refere Jean-Luc Marion, o dom explica-se por si mesmo, assim o amor só pode ser verdadeiramente sentido, se for praticado...



A cruz não é a obrigação para seguir a Jesus, ela é sim, a consequência de O seguir em verdade, sem desvirtuar a mensagem, incorporando a palavra e fazendo dela ação.
O que Jesus quer dizer pode ser dito da seguinte forma: “se me queres seguir, prepara-te já que nunca será fácil, porque como o mundo está vão encontrar a “crucifixão””.

A cruz não é o mal e o destino penoso da vida..., mas sim o sofrimento que resulta (ou pode resultar) unicamente pelo facto de estarmos vinculados a Jesus. Na realidade seguir a Jesus não é buscar cruzes ou sofrimentos, mas aceitar a “crucifixão” quando ela aparecer.
Isto não se enquadra com uma pessoa que se vitimiza na existência, mas aquela que vai na vida na busca de Jesus exibindo o seu sofrimento enquanto parte integrante desta entrega.
Daí que é errado aquele jeito (aliás bem português), de se não estamos mal, não podemos estar bem.



Infelizmente muitos procuram a “mortificação”, as cruzes, como forma de expressar a sua fé. Tudo o que é ascética eu valorizo, agora buscar cruzes para estarmos mais próximos de Cristo, não. Jesus não quis o sofrimento para nada, os seus sinais são claros, ele veio para tirar o sofrimento de quem sofria, de dar justiça a quem estava relegado à exclusão, etc.
Tudo isto Jesus fez, não negando ao Pai “bateu-se” por implementar uma forma renovada de convivência, e com isto obteve as consequências, não fugindo delas. Não foi o sangue que nos salvou, mas o amor gratuito que se deu até ao sangue, não porque o quisesse mas porque nós quisemos.



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