Translate

sábado, 28 de dezembro de 2013

AGIR EM COMPAIXÃO (1/2)



“Mas um samaritano, que ia viagem, chegou ao pé dele e,
vendo-o encheu-se de compaixão Aproximou-se, ligo-lhe
as feridas, deitando nele azeite e vinho, coloco-o sobre a
sua montada , levou-o para a estalagem e cuidou dele”
(Lc 10,34)


Perante uma atualidade a atravessar uma erupção, é necessário resgatar a compaixão enquanto pilar essência da ação política, libertando-a, deste modo, de uma certa concepção redutora, confinada apenas à esfera da moral retórica, e pouco usada na “praxis” política.


É  compaixão que reclama por justiça, que implora para a eliminação das causas geradoras de sofrimento. Este é um dos pontos, senão mesmo o único que se encontra totalmente impedido de se realizar prioritariamente nos “centros de poder”, diariamente somos “bombardeados” por notícias nas quais a força de um neo-liberalismo profundamente obcecado nos seus propósitos materialistas, age com todo o seu poder e influência dominadora para atingir os seus objetivos, nem que para tal “calque” nos mais fracos, numa cavalgada inesgotável pela ansia do proveito monetário.


Os centros de poder, eles próprios reféns, devido muitas vezes, à sua cumplicidade antecessora (da troca de favores), funcionam como agentes concretos de um mundo sem rosto, desprezando as “lágrimas” dos atingidos. Assim e para se mostrarem “limpos” usam a noção da compaixão restringida à pratica de beneficência social caritativa profundamente hipócrita, que mais não serve para se convencerem de que estão com a razão.

Para os cristãos torna-se cada vez mais essencial ter presente que quando Jesus se refere à compaixão, em ser compassivo, não o faz ligando-se às leis nem tão pouco a uma ordem social, a referencia incide totalmente em Deus. Seguir Jesus, enquanto caminho para o Pai, é viver numa permanente abertura à compaixão, é precisamente isto que nos torna mais humanos, e não outras conjeturas funcionalistas.

No Evangelho Jesus “grita” indignado contra o sofrimento dos inocentes, não podemos viver descansadamente ou mesmo fechados nos nossos problemas, perante a existência do sofrimento, jamais o podemos aceitar como normal ou fatalidade.  

O sofrimento dos inocentes não é minimamente aceitável, isto não pode deixar de estar presente na consciência cristã, do “ser cristão”.

O sofrimento tem que ser evitado de uma forma irrevogável (no sentido correto da palavra). Se algo inicial leva à consequência do sofrimento, então é o inicial que tem de ser alterado, sob pena de hipotecarmos, de uma forma brutal, a construção de um futuro mais humano e mais pacífico.


A compaixão que Jesus quer introduzir no mundo, é geradora de uma nova maneira de relacionar-nos  com o sofrimento do mundo. Mais do que tratados morais ou exortações religiosas, o que Jesus mostra a todos é a compaixão ilimitada Deus. O nosso equilíbrio assenta nos fundamentos da convivência humana.

Nos excluídos, nos últimos, nos pobres, nos que já perderam a esperança, é que reside a autoridade suprema, a Autoridade dos que Sofrem.







Sem comentários:

Enviar um comentário