“Mas
um samaritano, que ia viagem, chegou ao pé dele e,
vendo-o
encheu-se de compaixão Aproximou-se, ligo-lhe
as
feridas, deitando nele azeite e vinho, coloco-o sobre a
sua
montada , levou-o para a estalagem e cuidou dele”
(Lc
10,34)
Perante
uma atualidade a atravessar uma erupção, é necessário resgatar a compaixão
enquanto pilar essência da ação política, libertando-a, deste modo, de uma
certa concepção redutora, confinada apenas à esfera da moral retórica, e pouco
usada na “praxis” política.
É compaixão que reclama por justiça, que
implora para a eliminação das causas geradoras de sofrimento. Este é um dos
pontos, senão mesmo o único que se encontra totalmente impedido de se realizar
prioritariamente nos “centros de poder”, diariamente somos “bombardeados” por
notícias nas quais a força de um neo-liberalismo profundamente obcecado nos
seus propósitos materialistas, age com todo o seu poder e influência dominadora
para atingir os seus objetivos, nem que para tal “calque” nos mais fracos, numa
cavalgada inesgotável pela ansia do proveito monetário.
Os
centros de poder, eles próprios reféns, devido muitas vezes, à sua cumplicidade
antecessora (da troca de favores), funcionam como agentes concretos de um mundo
sem rosto, desprezando as “lágrimas” dos atingidos. Assim e para se mostrarem
“limpos” usam a noção da compaixão restringida à pratica de beneficência social
caritativa profundamente hipócrita, que mais não serve para se convencerem de
que estão com a razão.
Para os
cristãos torna-se cada vez mais essencial ter presente que quando Jesus se
refere à compaixão, em ser compassivo, não o faz ligando-se às leis nem tão
pouco a uma ordem social, a referencia incide totalmente em Deus. Seguir Jesus,
enquanto caminho para o Pai, é viver numa permanente abertura à compaixão, é
precisamente isto que nos torna mais humanos, e não outras conjeturas
funcionalistas.
No
Evangelho Jesus “grita” indignado contra o sofrimento dos inocentes, não podemos
viver descansadamente ou mesmo fechados nos nossos problemas, perante a
existência do sofrimento, jamais o podemos aceitar como normal ou fatalidade.
O sofrimento dos inocentes não é
minimamente aceitável, isto não pode deixar de estar presente na consciência
cristã, do “ser cristão”.
O
sofrimento tem que ser evitado de uma forma irrevogável (no sentido correto da
palavra). Se algo inicial leva à consequência do sofrimento, então é o inicial
que tem de ser alterado, sob pena de hipotecarmos, de uma forma brutal, a
construção de um futuro mais humano e mais pacífico.
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