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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

~ Soltas ~



A fé consistente tem a marca da confiança, no entanto não nos faz imunes a momentos de dúvida, até mesmo de uma certa revolta..., mas são nestes momentos que entramos no processo de maturação da capacidade de entrega. O Deus que acreditamos é um Deus de relação que se expande na exata medida em que abraçamos a realidade a partir, não das nossas experiencias, mas na disponibilidade em vermos a realidade a partir da experiencia do outro.


Não se pode viver, tendo como objetivo organizar a religião, a política, a cultura, a educação, sem que se tenha em linha de conta o sofrimento que existe no mundo, é como se tudo o resto deixasse de fazer sentido, aliás o que é que ganha sentido na vida perante o grito angustiante da injustiça?

O mundo não se reconhece a partir dos centros de poder, mas sim através da história concreta das massas anónimas, daqueles que, paradoxalmente, têm vindo a perder a dignidade neste mundo globalizado. Estamos perante a “tal aldeia global” que ironicamente retira o que as aldeias tinham de melhor: a convivência entre todos. Milhões são excluídos do “sistema” estabelecido, este teatro dos tempos confronta diante dos nossos olhos a patética crueldade da justificação do homem sobre os seus semelhantes. O “sistema” global atualmente em funcionamento, exprime-se na tendência, em que cada vez mais os poderosos acumulam os recursos do mundo, precisamente à custa da total e impune indiferença perante a autoridade dos sofredores chegando a fazer destes instrumentos úteis para o alimento dos seus impulsos materialistas, colocando o mundo num lugar em que para muitos até a esperança já desapareceu.

Nenhum valor ético é mais legitimo do que a atenção total e inequívoca perante as vitimas do tempo.

Tanto se fala em conversão, no entanto esta está inserida na nossa tomada de consciência do outro como verdadeiramente irmão, na nossa resposta à interpelação permanente de Jesus que nos chama à compaixão diante de toda a humanidade.



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