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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

FELICIDADE 1/5

Breve Introdução


O tema da felicidade, claro que só por si haveria muitíssimo a dizer, no entanto centrar-me-ei em alguns pontos que pessoalmente considero importantes.

“Todos nós, sem dúvida queremos ser felizes, e não há entre os homens quem não dê o seu assentimento a esta afirmação, mesmo antes de ela ser plenamente enunciada.”
(S. Agostinho, “De moribus eccleasiae catholicae”)

Ao estarmos inseridos numa lógica extramente materialista, a noção de felicidade fica cada vez mais limitada, porque ao fechar-se no “suposto” conceito do ser individualista, ela jamais se preenche, isto porque nunca nos daremos como felizes, na realidade o materialismo leva a que o “alcançar de algo”, suscite quase em imediato o “outro algo” mais contemporâneo, mais atual, mais na moda.
Obviamente que a felicidade necessita sempre do essencial (ao nível material) para que a vida se torne digna, a falta da dignidade potencia o desequilíbrio, fazendo com que a ausência perante outras realidades jamais se abram aos “olhos”, “sem pão o homem não pode viver”.
A busca do progresso é claramente essencial, no entanto é necessário saber o que é o ideal para o progresso, hoje estamos sujeitos à massificação de bens de consumo, originando com isto que para muitos a felicidade se centro totalmente no ter, para eles o ser só se posiciona na felicidade perante o ter. Uma vida centrada nesta noção torna-se angustiante, já que a ansiedade por obter o que não se tem coloca a existência colocada nas “ondas” momentâneas de uma felicidade que preenche num sentido estreito, tanto na abrangência da existência, como a do próprio tempo.

A felicidade que preenche a existência tem que ser perfeitamente concretizável, existe uma ideia, há qual me oponho, que somente após a vida terrena é que encontraremos a verdadeira felicidade. Esta noção além de ser derrotista e inquietante faz com que a esperança, essencial para a vida, fique renegada para uma dimensão para a qual desconhecemos, sendo no entanto que não é a que neste momento estamos. A felicidade tem que ser construir no agora e não deixá-la para o conceito abstrato, do que imaginamos ser mas que não sabemos..., a vida não pode ser um “fardo” o um “peso” uma “cruz”. É importante salientar que quando Jesus se refere para pegarmos na nossa cruz (cf. Mc 8,34), está a referir-se à opção de vida - nem sempre fácil mas sempre vida - em segui-Lo e assim em assumirmos a “batalha” pela sua dignificação; o sentido de cruz nesta frase não se prende à vida como sacrifício de destruição, mas aquele que por opção podemos fazer tendo em vista precisamente a sua dignificação e exaltação.



Desta forma, deixar as decisões importantes para um futuro incerto, faz-nos esvaziar enquanto pessoas humanas, é pois necessário promover a vida enquanto patamar fundamental na hierarquia de valores, tornando-nos assim nos verdadeiros discípulos do Senhor, identificados e visíveis perante todos o que nos circundam no mundo.
Uma vida imbuída na fé no Deus Trinitário só tem validade se esta for fecunda, deste modo ao deixarmos o Espírito Santo trabalhar em nós, abrimos o coração para a Sua interpelação e para a beleza da criação, presente em nós e no mundo.
Felicidade assenta também, e obviamente, na liberdade. Daí que a necessidade de a cultivar em todas as circunstâncias é fundamental na própria vivência cristã.

“A vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente”

(Soren Keikegaard)



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