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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Verdade é a Liberdade, e só através de Deus atingiremos a Verdade que nos Liberta.




 
A Igreja para ter um verdadeiro significado de salvação, não poderá estar divida. Esta divisão vem em discordância com a pretensão unificadora de Jesus Cristo. Os próprios apóstolos tiveram no início certos conflitos que poderiam originar rupturas, no entanto foi no primeiro concílio de Jerusalém (Act. 5, 2) que Pedro, João, Tiago e Paulo viram que só através de uma união (“communio”) a doutrina de Jesus teria um sentido profundo e marcante nas comunidades.

A Igreja tem de estar sempre atenta ao mundo actual, e basear a sua resposta sempre a partir da acção do Espírito que na verdade se baseia no amor salvador do dom de Deus. Como a Igreja faz parte deste todo, também deverá “carregar a ovelha perdida” (cf. Lc. 15,4-7) e leva-la para casa. Amar é, antes de mais, saber amar, ou seja, agir na caridade, não excluir, não fugir dos desafios, não se ficar apenas pela palavra, a Igreja terá de ser capaz cada vez mais de amar a todos, porque ela é misericórdia, e terá pois de acolher sempre mais um no seu “banquete”. Ela terá de ter um “coração” de mãe, porque só num coração de mãe cabe sempre mais um, porque só um coração de mãe é capaz responder a uma falta com o perdão e amor. Tal como referiu o Papa João Paulo II na Encíclica – “Mulieris Dignitatem” - : “… a presença especial da Mãe de Deus no mistério da Igreja, nos consente pensar no vínculo excepcional entre esta “mulher” e toda a família humana”.
Só nesta atitude é que a Igreja tocará sempre em mais corações, tornando-se cada vez mais uma acção concreta e real de Jesus Cristo na Terra.

Quem deverá julgar não é a Igreja mas sim Deus, a função da Igreja deverá ser sempre a de acolher em misericórdia e amor, porque Deus estará no fim presente para fazer a “divisão entre do trigo e o joio” (cf. Mt. 13,24-30). Com isto não estou a referir-me a uma Igreja “cega”, antes pelo contrário, a Igreja terá de estar de olhos bem abertos para a verdade, deverá denunciar a injustiças e ter a coragem por lutar sempre para o bem comum. A sua função é bater-se para que todos sejam o “trigo”, em unidade com Deus, Cristo e Espírito Santo. O sofrimento dos homens terá de ser para a Igreja motivo também de sofrimento, mas ao mesmo tempo de união e coragem para agir. A sua principal missão terá de ser virada para uma acção em relação àqueles que mais sofrem.
Irmãos a Verdade que está em Jesus Cristo, remete-nos sempre para o bem comum – e este deverá ser sempre o primordial objectivo da Igreja -, lutar pela dignificação do ser humano em todas as suas vertentes, mas não só de alguns homens, mas de todos os homens, crentes e não crentes, só deste modo se concretiza a vontade do Senhor. A divindade de Deus é em favor dos homens, de todos os homens, e ao mesmo tempo de toda a Terra. A “consciência ecológica”, hoje tanto em voga, é também, obviamente, uma vontade de Deus.

Para quê que me interessa uma “verdade restrita” (só para alguns predestinados)?

A verdade para ser útil tem de estar ao alcance de todos, só desta forma torna-se razão (“logos”). Quando dizemos que não existem primeiros nem últimos, queremos também dizer que o que existem são homens com o mesmo grau de importância ao “olhos” de Deus. Aqueles que nas nossas cidades dormem nas ruas (e infelizmente cada vez mais em maior número) na mais profunda pobreza, deverão ser a nossa vergonha, a vergonha de um mundo ocidental “moderno”, mas que no entanto o tal progresso não teve também uma medida humanitária que se impunha. Quando sofre um homem, sofre o Senhor, foi isso que Ele sempre nos disse.
Quando digo que a fé não é razão única e singular para a salvação, o que quero frisar é que não basta “ser muito crente”, sem existir uma prática concreta, “ser crente” apenas na palavra não é mais do que hipocrisia, a fé só tem razão de ser se tiver uma acção em caridade, em que o Espírito Santo se manifeste como dom de vida em Cristo. É assim que a fé ganha sentido, agir na verdade, sem medo nem arranjando “desculpas” circunstanciais.

Foi esta coragem que tiveram as primeiras comunidades cristãs. S. Estêvão o primeiro mártir do Cristianismo, morreu quando falou com coragem acerca do fim da Antiga Aliança operada pela redenção de Cristo, mas fê-lo sem receio porque a sua fé concretizou-se em acção concreta. Claro que o exemplo de Estêvão é um exemplo extremo, no entanto serve de modelo para os dias de hoje, em que, no mundo ocidental, uma atitude concreta a partir da Palavra do Senhor não nos levará ao martírio, no entanto passamos os dias a lamentarmos as injustiças, os escândalos, a pobreza, a miséria, mas de concreto nada fazemos para alterar a situação, pior ainda pactuamos com ela, escondidos atrás de uma capa mentirosa de “impotência”, mas, na mais profunda hipocrisia, vamos à eucaristia todos os domingos como grandes crentes, mas no entanto durante a semana Deus fica na “gaveta”, ou melhor só nos lembramos Dele quando estamos perante uma aflição. 


Afinal que cristãos somos nós na realidade?


Ser é estar com…, ser é amar o próximo, ser é caminharmos juntos em direcção a Deus em prefeita comunidade de paz, sem descriminações, contra qualquer tipo de intolerâncias, combatendo sempre pela Verdade e a justiça. Ser é estar em comunhão com Jesus Cristo fazendo da Sua palavra modo de vida. Eu acredito numa Igreja como comunidade aberta, não a modas nem a tendências em voga, mas aos homens vistos como filhos de Deus, buscando-os onde quer que eles estejam, sejam eles quem forem, não impondo uma religião mas mostrando um caminho em que através dele serão tocados pelo dom do Senhor e entenderão então o que é Igreja. Impor algo não faz parte do sentido profundo da palavra de Jesus, a imposição provoca resistência e intolerância e foi contra isto que Cristo mais lutou, e que pela sua morte por crucifixão demonstrou a condição mais degradante do ser humano, mas ao redimir os nossos pecados através do seu sangue, foi precisamente na sua paixão e morte que nos mostrou o seu infinito amor, na sua mais suprema glória.
Sem caridade nada mas mesmo nada se realiza…

“Sit laus Deo Patri, summo Christo decus, Spiritui Sancto tributos honor unus. Amen”  

(Gloria seja a Deus Pai, glória a Cristo Rei, e ao Espírito Santo, seja toda a Trindade a mesma honra. Amén)







 






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