Desde
sempre que a vontade de Deus, está na realização efectiva da nossa entrega
total e completa a Ele. Esta entrega total a Deus está também ligada à forma e
à capacidade de lhe prestarmos culto. Esta vontade é algo que é transversal a
toda a Bíblia, desde Antigo até ao Novo Testamento.
Já o
próprio Moisés quando volta ao Egipto para libertar o seu povo escravizado fala
de uma forma concreta do culto (cf. Ex 10,8-11). É notório que apesar das
“propostas” do faraó, Moisés é firme, notando-se que o culto nunca poderá estar
numa negociação. O culto nunca poderá ser uma questão política. No culto
procuramos agradar a Deus, e isto não está restrito ao conceito político.
Para
o Cristianismo o culto a Deus não deverá estar nunca ao nível da negociação
política. A liturgia está também nesta abrangência, e deverá ter sempre uma
atitude livre, com a sua atenção sempre nos homens (todos os homens). Esta
forma de liberdade, como forma da prática litúrgica, leva a que o próprio culto
esteja fora do alcance de qualquer tendência ou compromisso político. Se o
culto estivesse no âmbito político, pode-se mesmo considerar que seria outra
coisa mas nunca culto. Claro que a minha atitude enquanto fazendo parte de uma
sociedade, faz-me obedecer a regras, no entanto também me faz pautar vida
segundo a essência daquilo que considero a verdade, Jesus Cristo. Esta atitude
nunca poderá ter uma orientação extrema, isso levaria a que a essência do
Cristianismo ficasse aniquilada à partida. A religião tem que ser vivida de uma
forma aberta, tolerante e construtiva. Se a nossa missão é está no testemunho
da Pascoa do Senhor, qualquer fanatismo ou discriminação será caminhar no
sentido contrário. Jesus Cristo, foi corajoso perante a mentira e a injustiça,
no entanto mesmo no seu discurso mais forte contra a hipocrisia dos fariseus
(cf. Mt 23,15) teve sempre em linha de conta abrir os corações e mentes,
fazer ver a mentira, mas acima de tudo mostrar o caminho para a Salvação.
Cristo nunca excluiu ninguém... Ele mostrou que sempre existe salvação, e isto
acontece, porque existe compaixão e caridade por todos e para todos.
Um
Cristianismo de facções é levar à antítese a palavra de Cristo, a nossa acção é
por batermo-nos sempre pela verdade e pela justiça, mas esta atitude deverá
estar sempre imbuída naquilo que é a sua maior mensagem, o amor por todos. Só
podemos estar na verdade, apontando o erro de “coração manso”, ela nunca está
nunca do lado da destruição, mas sim ao lado da paz, do amor, e do perdão. Para
podermos “lutar” contra o mal, teremos de estar sempre preparados para o
perdão, se não soubermos perdoar, a justiça de Deus fica sem expressão entre
nós, porque esta assenta sempre na misericórdia.
A adoração e o culto ao Deus único sempre
foram a essência de uma verdadeira atitude religiosa.
O culto
para ser verdadeiro e se adequar ao sentido litúrgico, antes tem que existir
uma reflexão interior acerca da nossa condição humana perante a existência de
Deus.
Com
Jesus Cristo é-nos aberto um novo culto. Agora não existe uma substituição, mas
sim uma representação. Jesus, que foi condenado à morte pelos líderes da
religião vigente, opôs-se firmemente à forma dos rituais enraizados, chegando
mesmo a questionar o próprio Sabbath.
No
entanto o que Jesus criticou firmemente foi acima de tudo a hipocrisia e a
mentira dos líderes religiosos, mostrando que estavam mais importados na
aparência exterior, do que na essencial e salvadora pureza interior. Sem um
coração que busque a pureza, o afastamento em relação ao próprio Deus é
inevitável, a vida em santidade é a busca de Deus através de uma fé interior
que então se transportará para o exterior; na realidade sem uma reflexão
interior profunda qualquer acção exterior fica sem sentido. É isto que sustenta
a sua frase “O Sábado (Sabbath) foi feito para o homem e não o homem feito para
o Sábado” (Mc 2, 27)
No
Monte Sinai Moisés apresenta não somente as instruções do culto, mas também uma
lei e normas de conduta. Na realidade um povo sem leis entra na anarquia
destrutiva. Embora muitos possam pensar de uma forma diferente, a anarquia é a
negação da liberdade, porque não existe liberdade sem direitos e
deveres.
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