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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Viver a Eucaristia (1 / 2)


A Eucaristia é para muitos um aspecto meramente restrito ao âmbito cultural, deixando a sua profundidade e essência para segundo plano, senão mesmo para uma profunda ignorância irresponsável. A “ida à missa” torna-se deste modo um acto somente exterior, estando mesmo em algumas vezes ligado ao pensamento sem fundamento cristão, ou seja, “se não for à missa a semana não irá correr bem”. Quantos estão numa Eucaristia, apenas “de corpo presente”, ou seja, perfeitamente desligados de toda a sua importância, em que o pensamento está completamente ausente…

A Eucaristia tem de se apresentar como estrutura de reforço da fé, sendo encarada como acto de oração profunda e de contemplação plena.
A sua ligação comunitária é permanente. Já nos Actos dos Apóstolos vemos que a Igreja inicia-se no Espírito Santo, oferecendo-Se a Si mesmo a uma comunidade que tem a sua união na oração e cujo centro são Maria e os Apóstolos. A Igreja deverá ser orante, com uma orientação para o Senhor – “Santa”, una e apostólica.
As indicações primárias e fundamentais provêem de Jesus Cristo, mas foi através dos Apóstolos que a Igreja se tornou realidade social e expressão concreta da palavra do Senhor. Daí que a Igreja (e como tão bem S. Agostinho expôs) deverá ter sempre presente o Espírito Santo como dom principal da sua essência. O novo Povo de Deus é agora Universal, expressando-se em várias línguas e em todos os continentes. A sua acção e presença não está remetida a um espaço pré-determinado, ela atinge os confins do espaço e do tempo, sendo desta forma aberta a todos, não excluindo ninguém da “mesa do Senhor”. A formação da Igreja enquanto estrutura é simbolizada pelo “abraço” definitivo entre: S. Pedro, S. Tiago e S. Paulo.



O facto do Novo Testamento terminar com a chegada do Evangelho a Roma, contém precisamente a simbologia de que agora a Palavra estendeu-se a todos os povos do mundo.
 Para S. Paulo, Cristo crucificado surge como o novo “lugar de penitência”. O Kapporeth – a “tampa da Arca da Aliança” – é agora posta em redor da imagem do Senhor. Ele é que é O verdadeiro “Santo dos Santos”, o verdadeiro Templo Vivo. Assim a antiga Arca (entretanto perdida) dá agora lugar ao Cristo Ressuscitado. A partir desta concepção, o ícone da ressurreição de Cristo, é colocado nas Igrejas Orientais em cima de uma tampa em forma de cruz, fazendo deste modo, uma ligação com a Kapporeth da antiga Aliança - Cristo é a nova e definitiva Arca -. Agora Deus deixa de ser completamente oculto, mostrando-se através do Seu Filho, sendo este um dos pontos de viragem do Antigo para o Novo Testamento. 





Neste percurso de análise da unidade como ponto determinante para a Igreja, a comunhão assume com os Apóstolos um significado vital para o significado de toda a sua doutrina.


A Eucaristia assume-se pois como o ponto de maior importância em todo o universo do sentido da Igreja.



A Igreja é para nós Católicos uma realidade viva. A sua presença aparece diante dos nossos olhos como uma Mãe. Esta não está remetida à restrita acção de “dar à luz”, esta mãe é ela própria luz. Maria que deu à luz o Salvador, é também a Mãe de toda a Igreja, iluminando-a com a sua e presença constante. Maria é sem dúvida de entre os seres humanos a que mais entendeu a solicitação de Deus. Ela ainda jovem teve através da sua coragem do “SIM”, algo que a faz impar em relação a todos nós, sendo a nossa grande intercessora perante Jesus Cristo.
S. Tomás de Aquino referiu-se a ela do seguinte modo: “A santíssima Virgem por ser Mãe de Deus, possui essa dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito de Deus”.
Aqui se nota a grandeza da “Mater Dei”, que não provém de um poder comum, mas sim da mais pura e singela simplicidade, disponibilizando-se totalmente em relação à intenção de Deus, através da sua fé, alcançou a grandeza e a glória como nenhuma outra criatura da Terra.

Assim também deve ser a Igreja, um instrumento do Senhor, que se reveja na simplicidade e na prontidão (no sim ao Senhor), orientando a sua acção e caminho numa missão em favor de toda a humanidade. Isto obriga-a a ser corajosa, a não se omitir perante as injustiças do mundo, tal como Jesus Cristo a Igreja tem de ter um objectivo: Servir. Um serviço inspirado em Cristo e expresso no homem, portanto, estando sempre do lado da Verdade e sempre pela Verdade, porque ter “coração manso” e “oferecer a outra face” é assumir a coragem perante a verdade, nem que isso seja contra o Status Quo instalado. O dever da coragem pela verdade, não é uma missão da Igreja, é a sua mais determinante obrigação.


Tal como Cristo nos concedeu a sua mãe em plena agonia da cruz (cf. Jo 19,25-27), também fez dela a Mãe da Igreja que se iria formar.


“Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe modelo da Igreja. Com efeito, Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com Ele”
Papa João Paulo II – Ecclesia Eucharistia.


 


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